Numa das aulas do Prof Azevedo em Berkeley ouvi-lhe uma coisa extraordinária a que não parece ter dado grande importãncia:
Falava ele de como o uso das ferramentas sociais tornava a sala de aula Plana/Flat, de como pelo uso de blogues, foruns, wikis, a sala de aula perdia o paradigma industrial de fila atrás de fila, em que cada aluno está cada vez mais distante do professor, num enorme circulo em que cada aluno está na primeira fila, em que cada aluno está a igual distância do professor, e (magia do virtual) cada aluno é colega do lado de todos os outros. Falava ele de como, quase que por magia, a sua adopção destas ferrametas tinha revitalizado o seu gosto pela docência, porque esse gosto é consequencia directa para qualquerbom pedagogo, do gosto demonstrado pelos alunos ao aprender.
Achei a visão deliciosa e da próxima vez que me perguntarem porquê blogues nas actividades pedagógicas, esta é a primeira que lanço para a arena. Acho que nem Ann Clyde tinha documentado esta faceta com esta simplicidade e transparência.
Mas o mais engraçado é que a minha mente saltou imediatamente para a possibilidade de aplicar o mesmo teorema na Biblioteca. E aplica-se maravilhosamente bem: a biblioteca precisa de ferramentas sociais poderosas que permitam que cada municipe, aluno, funcioário, enfim cada utilizador real/potencial, seja o seu vizinho do lado. Cada biblioteca tem de descer da colina e colocar-se ao nivel do resto dos utilizadores, na planicie. Num mundo plano as pessoas desconfiam de lugares altos. Aliás, as coisas em lugares altos estão a passar de moda.
Não admira que o Weinberger achasse que os bibliotecários se armam em “Guardiões do Conhecimento” da mesma maneira que outros se armam em guardiões do Caminho para Deus. Nunca mais me esqueco da indignação que senti quando esse slide apareceu na apresentação dele numa Online em Londres à uns anos. Mas a verdade é que visto de baixo e de fora a diferença entre um templo e uma biblioteca é muito pouca.
Não somos porteiros de nada porque as paredes informacionais se foram. E as económicas estão a ir.
Ficar cá em cima, apenas faz com que o grosso do mundo ache mais fácil passar ao lado.
E eles passam ao lado.