No contexto de uma biblioteca municipal, quem é o Cliente?
O humano que entra pela porta e usa os serviços?
Qualquer detentor de Cartão de Utilizador?
O Municipe com Cartão de Leitor da Biblioteca?
O Municipe com Cartão de Eleitor no Municipio (e seu agregado familiar)?
O Municipe com residência fixa (a passível de prova) no Municipio?
No contexto de uma biblioteca municipal a desenvolver actividades na Web (2.0 ou não), quem é o Cliente?
Um dos Acima?
Alguns dos Acima?
Todos os Acima?
Todo o internauta (que hoje, amanhã ou daqui a 15 anos) que pode dar algum valor acrescentado à sua vida a partir do valor acrescentado que a biblioteca deu à web?
O Municipio que usa (ou apenas aproveita) a presença da sua biblioteca na Web para elevar (ou rebaixar, se a presença fôr de baixa qualidade) o valor da sua imagem de Municipio (com boas bibliotecas e bons profissionais de informação)?
Parecem-me extremamente pertinentes as dúvidas colocadas. Se já é difícil delimitar/definir o público de uma biblioteca dita tradicional, actualmente com as múltiplas possibilidades proporcionadas pelas TICs é quase impossível saber quais são os clientes dos nossos serviços. Resta-nos trabalhar e desenvolver serviços inovadores, disponibilizando-os através da net, com a esperança que vão ao encontro dos diversos públicos que navegam por estes caminhos. Só é pena que algumas das bibliotecas apenas utilizem a Web para se auto-promoverem a si e aos seus responsáveis e municípios e não para prestar um serviço efectivamentee de valor acrescentado àqueles que deveria servir primordialmente: os seus utilizadores actuais e futuros.
Tanto num caso como no outro os clientes são todos os que nos entram pela porta dentro, via real ou virtual. A este propósito aplica-se o emanado pelo Manifesto da Unesco:
“Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadores que, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais correntes, como por exemplo minorias linguísticas, pessoas com deficiências, hospitalizadas ou reclusas.”
No entanto, e porque cada biblioteca municipal serve, em primeiro lugar, os seus munícipes, estes terão sempre prioridade entre os demais. Não será por acaso que, no âmbito das BM, tanto se fala em fundos locais. E porquê? Porque estes reflectem a realidade do concelho que, em primeiro lugar, interessa aos munícipes. Para além deste exemplo, também a lógica do utilizador/pagador se deve fazer sentir. Se a BM é financiada – em parte – com taxas municipais, porque não hão-de ter os munícipes primazia na sua utilização? Daí a defesa desta hierarquização na sua utilização: BM’s para todos, com certeza, mas fazendo sempre prevalecer os munícipes que servimos (ou não fossem as ditas unidades documentais concebidas e idealizadas em função das populações a servir).
O contexto web poderá sempre ser visto de uma forma mais abrangente, como é óbvio. No entanto, e mais uma vez, defendo que a utilização das ferramentas informáticas serão sempre considerando o munícipe – nosso público-alvo – e, a posteriori, todos os outros.
No dia em que uma BM tiver a intenção e a capacidade financeira, tecnológica e humana de servir tudo a todos, pois então que o faça, e eu serei o primeiro a aplaudir.