Ao arrumar papéis de ICUD veio-me aos olhos o documento de apoio mais tenebroso de toda a minha curta carreira universitária. Um recorte que cita o jornal “O Século” de 1927 em que uma tal de Virginia de Castro e Almeida afirma sob o título “Deve-se ensinar o povo a ler?” o seguinte:
“A parte mais linda, mas forte e mais saudável da alma portuguesa reside nos seus 75% de analfabetos”; de seguida pergunta aos que aprenderam as primeiras letras (não ensinavam todas?!) “que vantagens forma buscar à Escola? Nenhuma. Nada ganharam. Perderam tudo. Felizes os que esquecem as letras e voltam à enxada”
O texto é apresentado no contexto das politicas educativas e culturais em Portugal em geral e específicamente o incurável (porque é uma doença) problema da iliteracia e desculturação.
Isto parece uma citação feita por Rómulo de Carvalho na sua obra “História do Ensino em Portugal: desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano” publicado pela Gulbenkian em 1986 e entretanto esgotado.
Prometo o meu eterno agradecimento a qualquer biblioteca que informe ter a obra em acervo na zona de Lisboa, e que permita o empréstimo domiciliário… Ou tenha fotocópia da edição (5 / II / 1927) em que esta Srª (autora de mutos titulos dirigidos ao público infantil ao que parece) publicou as estas palavras.