Newsletter CI: No número anterior entrevistamos Pedro Príncipe, autor do blogue “Rato de Biblioteca”, e acabamos por abordar um pouco a temática da web 2.0. No entanto, gostaríamos de a abordar mais profundamente. Tendo em conta que o nosso público-alvo é bastante generalizado mas que conta com novos alunos da área, explique-nos por favor o que é a web 2.0. Júlio dos Anjos: Concebo Web 2.0 como a denominação normalizada para um fenómeno social na utilização da web em que a interacção entre os utilizadores se caracteriza por um alto nível de partilha e colaboração. Uma parte fundamental desta Web 2.0 é a capacidade de qualquer pessoa poder publicar conteúdos na Web, de um modo fácil. O fenómeno começa por se concretizar com a possibilidade de expressão de opinião pelos “consumidores” com a simples indicação de “gostei/não gostei”; evolui para a expressão de “gostei x numa escala de 0 a 5”; e, finalmente, atinge a capacidade de exprimir opiniões, publicadas ao lado da obra avaliada, ou qualquer manifestação conexa. A pioneira deste fenómeno é a Amazon, que foi também o primeiro grande exemplo de capitalização da opinião dos utilizadores. Já a Google, muito antes, começara a “aproveitar” a actividade de todos os webmasters, usando os termos contidos nos links para um determinado recurso, enriquecendo os seus meta-dados. Assim, todo o material na web tornou-se “encontrável” não apenas pelo seu conteúdo (problema de indexação e recuperação de texto integral há muito resolvido) mas também pelo que se dizia acerca dele na Web. Este salto quântico na “findability” nunca foi possível nas bibliotecas ou nos arquivos: teria sido necessário que as bibliotecas usassem todos os rabiscos encontrados escritos nas margens de cada livro para enriquecer o catálogo. A disseminação e generalização de acesso à internet por banda larga potenciaram a participação generalizada do público com a distribuição maciça de conteúdos pelos internautas, para consumo de outros internautas. Este fenómeno começou por revelar-se no Flickr e tem o seu apogeu nos valores recentemente divulgados pelo YouTube: por minuto são recebidas 13 horas de vídeos! (http://googleblog.blogspot.com/2008/09/future-of-online-video.html).