Code4Lib Journal : Significância

By | 10 de Julho de 2007

Ao encontrar um revista de perfil científico (peer reviewed e tudo o mais) dedicada à intersecção entre bibliotecas, tecnologia e o futuro não posso deixar de me lembrar dos recentes resmungos sobre algumas perspectivas encontradas sobre este tema.

As bibliotecas, como diz no mission statement desta revista souberam aproveitar muito bem os avanços da tecnologia informática para melhorar / transformar / abrir novas avenidas na sua missão de facilitar o acesso dos seus utilizadores à informação, pela selecção, organização e disseminação de metadados  sobre objectos portadores de mensagem (documentos) relevantes para o seu público (não tem citação porque me saiu agora da cabeça). Acho que a melhor definição de biblioteca digital para o tempo presente da arte e da técnica é precisamente esse: “o uso de tecnologia informática para melhorar as condições de acesso entre utilizadores e informação sob a alçada custodial das bibliotecas.” (cf o conceito de colecção em biblioteca, o conceito de fundo em arquivo, etc)”

Mais à frente o C4LJ (Code4Lib Journal) faz um resumo muito sintético das principais problemáticas envolvidas: “it is imperative that those developing and maintaining those technologies communicate with the standards-makers and the wider communities. Emerging standards should be developed with an eye towards the capabilities of current technologies, and technologies should be developed with an eye towards the requirements of librarians, libraries, and their users“.

Portanto, caros bibliotecários de sistemas lusitanos: 1500-5000 palavras, em inglês, aplicações práticas (deixem as literature reviews para a tese), não contando linhas relevantes de código, algoritmos e pseudo-código…. vejam o pacote todo em http://journal.code4lib.org/guidelines/

Despachem-se que eu já estou a escrever o meu!

Code4Lib Journal

By | 10 de Julho de 2007



Mission
The Code4Lib Journal exists to foster community and share information among those interested in the intersection of libraries, technology, and the future.

Communication and sharing among technologists

Libraries have seized upon advances in computer technology, using computers and the Internet to offer unprecedented access to information and library resources. Ironically, the prodigious increase in tools for accessing information has left many with difficulty managing information about these tools. Projects are announced on blogs, in IRC channels, on websites, at conferences, and many other venues. It can require a research project just to find out what a tool does. Online professional/social networks help mitigate this problem, but entering into these networks can present an unnecessary obstacle to the uninitiated.

The Code4Lib Journal (C4LJ) will provide an access point for people looking to learn more about these tools, about approaches and solutions to real-world problems, and about possibilities for building on the work of others, so that the wheel need only be invented once, and can then be cooperatively improved by all.

Communication with the larger library community

As librarians and information workers develop new standards and processes to address changing technologies, it is imperative that those developing and maintaining those technologies communicate with the standards-makers and the wider communities. Emerging standards should be developed with an eye towards the capabilities of current technologies, and technologies should be developed with an eye towards the requirements of librarians, libraries, and their users. C4LJ will support communication between these communities, such that they augment rather than inhibit each other.

By communicating both the problems and possibilities of current and future systems to the wider library community, C4LJ aims to help engender collective understanding and the necessary support for improving library technology and digital services.

Sócrates e a Web 2.0

By | 9 de Julho de 2007

“Você sabe, Fedro, esta é a coisa estranha sobre a escrita, que ela se parece com a pintura. Os produtos do pintor ficam diante de nós como se estivessem vivos, mas se você os questiona, eles mantêm um silêncio majestático. O mesmo acontece com as palavras escritas: elas parecem falar com você como se fossem inteligentes, mas se você, desejando ser instruído, lhes pergunta alguma coisa sobre o que dizem, elas continuam a lhe dizer a mesma coisa, para sempre. Uma vez escrita, uma composição, seja lá qual for, se espalha por todo lugar, caindo nas mãos não só dos que a entendem, mas também daqueles que não deveriam lê-la. A composição escrita não sabe diferenciar entre as pessoas certas e as pessoas erradas. E quando alguém a trata mal, ou dela abusa injustamente, ela precisa sempre recorrer ao seu pai, pedindo-lhe que venha em sua ajuda, pois é incapaz de defender-se por si própria”.

Estas palavras dizia o Faraó a Teuto depois de este ter apresentado ao primeiro uma grande invenção: A ESCRITA.  A história é contada por Platão como sendo de Sócrates em Fedro.

Mas depois de ler isto umas três vezes cheguei à conclusão que finalmente ultrapassámos o criticismo de Sócrates à Escrita e à Pintura: é precisamente a WEB 2.0, o texto escrito com o qual se dialoga!!!

[UPDATE]Nota importante: o Sócrates em causa é o filósofo grego da Antiguidade, não o primeiro ministro português do momento[/UPDATE]

Isto são titulos que se apresentem em biblioteconomia?

By | 9 de Julho de 2007

Andrew Odlyzko em “Silicon dreams and silicon bricks: the continuing evolution of libraries” (1997) começa por trazer à atenção do leitor uma série de tabalhos recentes para a época (1997) sobre o eminente ocaso do LIVRO como veiculo de informação, eclipsado pela biblioteca digital.

Vê-se que o titulo que Andrew dá ao seu artigo não destoa dos artigos que estavam a ser escritos na época…. Aliás pode mesmo ver-se que os fundamentos físicos das bibliotecas de sentem ameaçados:

Communication and computing technologies are leading to “a mixture of excitement, nervous anxiety, and paranoia” among librarians (Young, 1996, p. 103). It is widely expected that substantial changes are imminent. The Benton Foundation report, “Buildings, Books, and Bytes: Libraries and Communities in the Digital Age” (Benson Foundation, 1996), is a valuable snapshot of library leaders’ current thinking about their role and also of the public’s views of libraries. It helps to discuss this report along with two other recent publications about libraries, the special issue of Daedalus entitled “Books, Bricks, and Bytes” (Daedalus, 1996) and the book “Future Libraries: Dreams, Madness, & Reality” by Walt Crawford and Michael Gorman ( 1995)

Enfases meus.

E depois avança com duas afirmações de quem defende que o livro é um formato eterno:

De Peter Lyman (1996) cita:

[t]he computer will not replace the book any more than the book has replaced speech”

Lyman, P. (1996). What is a digital library? Technology, intellectual property, and the public interest. Daedalus, 125(4), 1-33

De James Billington (1996) cita:

“The book, that most user-friendly communications medium, has a long life ahead of it. I do not believe that our great-grandchildren will be reading the plays of Shakespeare or `Moby Dick’ on computer screens.” […] “Free democratic societies were born out of the book culture and may not survive without it”

Billington, J. H. (1996). Libraries, the Library of Congress, and the Information Age. Daedalus, 125(4), 35-54

Mas depois lembra que Filippo di Strata (fins do séc XV ) afirmava

“the world has got along perfectly well for six thousand years without printing, and has no need to change now.”

apud Hibbitts, B. (1996). Yesterday once more: Skeptics, scribes, and the demise of law reviews. 30 Akron Law Review, 267 (special issue) por sua vez apud “[I]ntellectuals were thrown into complete disarray by the arrival of a medium they did not understand . . . .” Martin Lowry, The World of Aldus Manutius: Business and Scholarship in Renaissance Venice 35 (1979).

Para a balança não desequilibrar o autor chama também  Johannes Trithemius, que num tratado intitulado “De Laude Scriptorum” declarou:

“Printed books will never be the equivalent of handwritten codices….The simple reason is that copying by hand involves more diligence and industry”

Mas há mais: já em Fedro, lembra Andrew, Platão põe na boca de Sócrates a seguinte história:

This discovery of yours will create forgetfulness in the minds of those who learn to use it; they will not exercise their memories, but, trusting in external, foreign marks, they will not bring things to remembrance from within themselves. You have discovered a remedy not for memory, but for reminding. You offer your students the appearance of wisdom, not true wisdom. They will be hearers of many things and will have learned nothing; they will appear to be omniscient and will generally know nothing; they will be tiresome company, having the show of wisdom without the reality.

E agora a minha pedrinha na engrenagem:

Também em “Digital Libraries and the Problem of Purpose” (2000) Dlib 6(1) , David M. Levy do Xerox Palo Alto Reseach Center faz o seguinte reparo:

[Note 3] Abbott [1] observes that as microfilm was introduced (it was developed in 1928), “It became common to assert that libraries would soon be replaced by personal collections of microforms.”

[1] Abbott, A., The System of Professions: An Essay on the Division of Expert Labor. 1988, Chicago: University of Chicago Press.

Um dia que seja professor de BDEIE o trabalho vai ser descobrir pelo menos 10 citações únicas, por aluno, que antevêem o fim do LIVRO e se possivel que não se tenham verificado. Isso e quem não souber XML à quinta hora volta para o 1º ano. Quem souber XML e XLT tem emprego garantido nos próximos 9 anos… para não falar que percebem patavina de OAI sem XML..

Platão, Sócrates, a escrita e a tradição oral…

By | 9 de Julho de 2007

Vale sempre a pena verificar fontes…

Em conequência do pst anterior foi à  procura de uma versão em português de “Fedro”.

Encontrei uma versão em que a citação em inglês no outro post está em portugues ( aliás em pt_BR ):

Aqui, ó rei, está um conhecimento que melhorará a memória do povo egípcio e o fará mais sábio. Minha invenção é uma receita para a memória e um caminho para a sabedoria”.

A isso o rei ceticamente respondeu:

“Ó habilidoso Teuto, a um é dado criar artefatos, a outro julgar em que medida males e benefícios advêm deles para aqueles que os empregam. E assim acontece contigo: em virtude de teu apreço pela escrita, que é tua filha, não vês o seu verdadeiro efeito, que é o oposto daquele que dizes. Se os homens aprenderem a escrita, ela gerará o esquecimento em suas almas, pois eles deixarão de exercitar suas memórias, ficando na dependência do que está escrito. Assim, eles se lembrarão das coisas não por esforço próprio, vindo de dentro de si próprios, mas, sim, em função de apoios externos. O que você inventou não é uma receita para a memória, mas apenas um lembrete. Não é o verdadeiro caminho para a sabedoria que você oferece aos seus discípulos, mas apenas um simulacro, pois dizendo-lhes muitas coisas, sem ensiná-los, você fará com que pareçam saber muito, quando, em sua maior parte, nada sabem. E eles serão um fardo para seus companheiros, pois estarão cheios, não de sabedoria, mas da pretensão da sabedoria.”

É engraçado que Sócrates nunca escreveu um livro e portanto rege-se por este raciocinio, mas mais giro ainda é  o parágrafo que se segue e que Andrew Odlyzko nunca parece ter lido, pois esclarece completamente o dito anteriormete:

A seguir Sócrates comenta:

“Você sabe, Fedro, esta é a coisa estranha sobre a escrita, que ela se parece com a pintura. Os produtos do pintor ficam diante de nós como se estivessem vivos, mas se você os questiona, eles mantêm um silêncio majestático. O mesmo acontece com as palavras escritas: elas parecem falar com você como se fossem inteligentes, mas se você, desejando ser instruído, lhes pergunta alguma coisa sobre o que dizem, elas continuam a lhe dizer a mesma coisa, para sempre. Uma vez escrita, uma composição, seja lá qual for, se espalha por todo lugar, caindo nas mãos não só dos que a entendem, mas também daqueles que não deveriam lê-la. A composição escrita não sabe diferenciar entre as pessoas certas e as pessoas erradas. E quando alguém a trata mal, ou dela abusa injustamente, ela precisa sempre recorrer ao seu pai, pedindo-lhe que venha em sua ajuda, pois é incapaz de defender-se por si própria”.

É uma prosa sublime (cumprimentos a Platão e à inumerável corrente de copistas e tradutores que atrouxeram até nós), que me faz lembrar do julgamento da Britânica pela Nature, faz-em lembrar o maior bibliotecário de todos os tempos “Ook”, faz-me lembrar o L-Space…

A tradução segundo o rodapé deve ser atribuida a “PLATO. Phaedrus. Chicago: Bobbs-Merrill Company, Inc.. Tradução do grego por R. Hackforth e tradução do Inglês por Eduardo Chaves.”

Isto são titulos que se apresetem em biblioteconomia?

By | 9 de Julho de 2007

Andrew Odlyzko em “Silicon dreams and silicon bricks: the continuing evolution of libraries” (1997) começa por trazer à atenção do leitor uma série de tabalhos recentes para a época (1997) sobre o eminente ocaso do LIVRO como veiculo de informação, eclipsado pela biblioteca digital.

Vê-se que o titulo que Andrew dá ao seu artigo não destoa dos artigos que estavam a ser escritos na época…. Aliás pode mesmo ver-se que os fundamentos físicos das bibliotecas de sentem ameaçados:

Communication and computing technologies are leading to “a mixture of excitement, nervous anxiety, and paranoia” among librarians (Young, 1996, p. 103). It is widely expected that substantial changes are imminent. The Benton Foundation report, “Buildings, Books, and Bytes: Libraries and Communities in the Digital Age” (Benson Foundation, 1996), is a valuable snapshot of library leaders’ current thinking about their role and also of the public’s views of libraries. It helps to discuss this report along with two other recent publications about libraries, the special issue of Daedalus entitled “Books, Bricks, and Bytes” (Daedalus, 1996) and the book “Future Libraries: Dreams, Madness, & Reality” by Walt Crawford and Michael Gorman ( 1995)

Enfases meus.

E depois avança com duas afirmações de quem defende que o livro é um formato eterno:

De Peter Lyman (1996) cita:

[t]he computer will not replace the book any more than the book has replaced speech”

Lyman, P. (1996). What is a digital library? Technology, intellectual property, and the public interest. Daedalus, 125(4), 1-33

De James Billington (1996) cita:

“The book, that most user-friendly communications medium, has a long life ahead of it. I do not believe that our great-grandchildren will be reading the plays of Shakespeare or `Moby Dick’ on computer screens.” […] “Free democratic societies were born out of the book culture and may not survive without it”

Billington, J. H. (1996). Libraries, the Library of Congress, and the Information Age. Daedalus, 125(4), 35-54

Mas depois lembra que Filippo di Strata (fins do séc XV ) afirmava

“the world has got along perfectly well for six thousand years without printing, and has no need to change now.”

apud Hibbitts, B. (1996). Yesterday once more: Skeptics, scribes, and the demise of law reviews. 30 Akron Law Review, 267 (special issue) por sua vez apud “[I]ntellectuals were thrown into complete disarray by the arrival of a medium they did not understand . . . .” Martin Lowry, The World of Aldus Manutius: Business and Scholarship in Renaissance Venice 35 (1979).

Para a balança não desequilibrar o autor chama também  Johannes Trithemius, que num tratado intitulado “De Laude Scriptorum” declarou:

“Printed books will never be the equivalent of handwritten codices….The simple reason is that copying by hand involves more diligence and industry”

Mas há mais: já em Fedro, lembra Andrew, Platão põe na boca de Sócrates a seguinte história:

This discovery of yours will create forgetfulness in the minds of those who learn to use it; they will not exercise their memories, but, trusting in external, foreign marks, they will not bring things to remembrance from within themselves. You have discovered a remedy not for memory, but for reminding. You offer your students the appearance of wisdom, not true wisdom. They will be hearers of many things and will have learned nothing; they will appear to be omniscient and will generally know nothing; they will be tiresome company, having the show of wisdom without the reality.

E agora a minha pedrinha na engrenagem:

Também em “Digital Libraries and the Problem of Purpose” (2000) Dlib 6(1) , David M. Levy do Xerox Palo Alto Reseach Center faz o seguinte reparo:

[Note 3] Abbott [1] observes that as microfilm was introduced (it was developed in 1928), “It became common to assert that libraries would soon be replaced by personal collections of microforms.”

[1] Abbott, A., The System of Professions: An Essay on the Division of Expert Labor. 1988, Chicago: University of Chicago Press.

Um dia que seja professor de BDEIE o trabalho vai ser descobrir pelo menos 10 citações únicas, por aluno, que antevêem o fim do LIVRO e se possivel que não se tenham verificado. Isso e quem não souber XML à quinta hora volta para o 1º ano. Quem souber XML e XLT tem emprego garantido nos próximos 9 anos… para não falar que percebem patavina de OAI sem XML..