Reconheço que os professores das pós-graduações e mestrados em Ciências da Informação ainda têm muito que fazer para estarem actualizados e fomentarem a biblioteca 2.0.
Cara Luisa: No meu post estava-me referindo aos professores-bibliotecários do ensino secundário que recentemente viram as suas competências enquadradas, pois o School Library Journal é exactamente vocacionado para os profissionais das bibliotecas escolares. Acho que a maior parte deles vai ter muitos problemas a manter à tona o conceito de “biblioteca” na presente conjuntura informacional das gerações sub-18. Veja-se os estudos da OCLC e este!
Mas diria que, em Portugal, o que é mesmo impressionante é os professores de CI, além de leccionarem na universidade, têm que manter um 2º emprego para sobreviverem, roubar algumas horas do tempo à família para estudarem e fazerem um doutoramento, que nunca mais chega ao fim, prepararem as aulas com matérias que acrescentem algo mais rico aos programas, ainda do tempo da biblioteca 1.0, e quase que não sobra tempo para leitura de blogues, jornais da área ou de outros sistemas avançados para se actualizarem. Isto tem sido a história da minha vida e de muitos docentes…! Nem os RSS e marcadores sociais nos salvam !
Ai não sei que faça. Ainda só sou estudante… mas vejo os meus professores aflitos. Os programas são efectivamente para Bibliotecas 1.0, mas é daquelas coisas: à velocidade a que o mundo anda, invariavelmente estamos a formar pessoas para empregos que hoje nem existem. Li há pouco tempo que um americano que saía este ano da universidade terá, até aos 35 anos, mais de 10 empregos diferentes, e com 90% de certeza, aos 35 anos estará num emprego que hoje nem sequer existe.
Não sei se alguém alguma vez fez uma análise da mobilidade nos trabalhadores portugueses mas não deve ser muito diferente. Portanto a coisa mais útil a ensinar ( aos seus alunos e aos meus colegas) é precisamente “aprender a aprender”, no teu caso específico sobre indexação, porque vão ter de passar toda a vida a fazê-lo… (daí que os níveis de discussão sobre literacia informacional neste país me obriguem a mandar a minha filha estudar para o estrangeiro).
Quem tem a tarefa de formar profissionais da Informação tem à sua frente um dos maiores desafios do mundo de hoje.
Auto-formação permanente e continua. Há uns anos ouvi o Dr. Subtil da Autónoma de Lisboa anunciar a criação de uma ESCOLA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA BADUAL no, já famoso, congresso da Torre do Tombo. Quanto a mim, vai ter um sucesso enorme.
Aliás, qualquer organismo com competências na formação BAD devia começar a planear fazer formação continua na área da Biblioteca 2.0. Há muita (re-)formação científica a fazer [a análise de necessidades informacioanis do mundo das bibliotecas 1.0 não têm nada a ver com os utilizaodres 2.0, por exemplo] para além dos aspectos práticos de provocar a derrocada dos muros mentais que afastam os BAD portugueses da blogo’sfera.
E isto é um desafio descarado aos meus professores e à direcção do meu curso e da minha escola.
E depois… aquele sentimento que transparece no teu post, de falta de tempo para aprender as coisas novas que sentes necessidade de ensinar aos teus alunos… não tens que lhes ensinar tudo… nunca o conseguirás… tens é de os ensinar a dar atenção ao mundo… chamar-lhes a atenção para o que está já no horizonte…
Acho que vamos ter grandes conversas nos Açores.